Acredito que a Habanos possui diversas marcas que são subestimadas, normalmente estas se encontram fora do catálogo global – as que você encontra em qualquer país que venda charutos cubanos.
Uma delas é, sem sombra de dúvidas, a Quai D’Orsay.
Com certeza, um dos motivos é desta marca ter nascido em 1973 como uma marca regional que, originalmente, era vendida com exclusividade para o mercado francês, o que não a permitiu alçar grandes voos no quesito popularidade como as outras marcas globais.
O nome da marca faz referência a uma rua em Paris onde se encontrava o principal escritório da importadora de charutos cubanos SEITA.
A marca nasceu para agradar o mercado francês, possuindo fortaleza suave e uma padronizada capa clara. A marca possuía também uma bitola corona designada “claro claro”, em que as capas passavam por um processo específico que resultava em uma capa ainda mais clara. Esses charutos eram identificados com um carimbo “Clarísimo” embaixo da caixa que os diferenciava dos demais coronas claros. Esses charutos foram descontinuados oficialmente em 1995, porém, a partir de 1980 já eram muito escassos e difíceis de encontrar.
O grande salto da Quai D’Orsay se deu em 2017, quando no Festival del Habano daquele ano, foram apresentadas a nova anilha e duas novas bitolas: Quai D’Orsay 50 e 54. A bitola coronas claro já se encontrava em produção desde 1974, tendo somente recebido a nova anilha. Assim, desde 2017, somente essas três bitolas compõem o portfólio de produção de linha da marca.
Originalmente, a marca possuía uma escala de fortaleza suave e, até hoje, essa escala de fortaleza continua sendo indicada pela Habanos S/A para definir a marca; todavia, acredito que a escala de fortaleza nos dias atuais precisa ser atualizada para “suave a média” ou até mesmo “média”.
Acredito que, em um primeiro momento, a fortaleza suave se justificava para classificar os charutos Quai D’Orsay; contudo, hoje em dia eu não acredito nisso. Isso, pois, os Quai D´Orsay 50 e 54 entendo se distanciam da fortaleza “suave”, bem como que analisando alguns regionais como o “Secreto Cubano” e o “Capitolio”, edições regionais francesas que fogem totalmente da escala “suave”, em especial o “Secreto Cubano”, que acredito que possa até mesmo ser classificado como possuindo uma fortaleza “média a forte”.
Minha primeira experiência com a marca foi já em 2017 quando do lançamento da nova anilha com o coronas claro. Na ocasião, um amigo foi ao festival del habano daquele ano e me presenteou com esse charuto. O charuto estava muito “jovem”, então não vale a pena traçar um perfil desta bitola com base nesta primeira degustação.
Após, quando os charutos deixaram de ser monopólio do mercado francês e se tornaram disponíveis em outros lugares da Europa e, especialmente em Cuba, tive a oportunidade de comprar algumas caixas, guardá-las e acompanhar a sua evolução.
Dentre os charutos Quai D’Orsay de linha de produção regular (excluindo-se os “limitados” e “regionais”), entendo que o 54 se encontra em outro patamar. Não que os outros façam feio, pelo contrário, são excelentes charutos. Porém, o 54 está em outro nível. É um “Edmundo Grueso”, possuindo um ring 54 e 135mm de comprimento, bitola esta que, se não me engano, não possui outro representante entre cubanos.
Como já havia adiantado, a escala de fortaleza média – na minha opinião – aliada ao perfil aromático e tempo de fumada não possuem paralelo dentro da marca. Arrisco dizer que esse charuto com pouco tempo de envelhecimento (2-3 anos) já consegue superar até mesmo o “Senadores”, uma edição limitada lançada em 2019, bem como diversos regionais da mesma marca, somente podendo ser igualado pelo regional francês “Capitolio”, lançado em 2018 e disponível no mercado francês a partir de 2019.
Seu perfil aromático entrega notas de cedro, florais e, principalmente, notas doces como caramelo e açúcar tostado, combinadas com um fundo levemente salgado. A queima não é muito regular, chegando muitas vezes a precisar de uma correção com o isqueiro, mas nada que atrapalhe em demasia a fumada.
O fluxo é típico cubano: um pouco restrito, mas não ao ponto de prejudicar a degustação. A capa, é clara e oleosa com poucas e as vezes nenhum veio.
A caixa do charuto degustado data de agosto/2020, possuindo quase 2 anos de armazenagem, o que certamente lhe conferiu características aromáticas superiores ao charuto mais “jovem”. Isso é bem interessante, dado que normalmente este não é um prazo suficientemente razoável para que o charuto esteja tão bom – ao menos no mundo dos cubanos.
Um charuto subestimado e que entrega muito mais do que cobra.
Ficha técnica:
Charuto: Quai D’Orsay 54
Medidas: 54 de ring por 135mm de comprimento
Tempo de fumada: 1h e 45m
Formato: Parejo
Idade do charuto: 1 ano e 9 meses
Valor atual caixa com 25: equivalente em cuba a 146,25 Euros em 10/11/2020
Nota: 94
Respostas de 124
Bela explanação Doc!!
Que ótima aula de charutos!
Saludos desde Brasil 🇧🇷 / Paraguai 🇵🇾.
João Paulo da Rocha Mattos
Outono de 2022
Obrigado meu caro!!!
Grande abraço!!!
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